Países da América Latina estreitam o debate sobre o manejo com o objetivo de trilhar caminhos mais sólidos para a atividade.
O manejo florestal comunitário e familiar foi o centro do debate entre membros do Observatório do Manejo Florestal Comunitário e Familiar (OMFCF) e uma comitiva composta por vinte membros da Colômbia. O encontro articulado pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) foi realizado na tarde desta terça-feira (12), no auditório do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), em Belém do Pará.
Além de membros do OMFCF estiveram presentes representantes do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio) e da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e também organizações do terceiro setor colombiano. A comitiva seguirá em diálogo nos próximos dias com instituições públicas, organizações não-governamentais (ONGs) e cooperativas florestais a fim de conhecer iniciativas, tecnologias e políticas públicas relacionadas ao manejo.
Para a coordenadora do projeto Mi Cacao – um projeto regional da Colômbia com o Peru –, da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), Suzete Moreira, o debate reforça o compromisso entre os países latino americanos acerca da construção de uma agenda comum de sustentabilidade com base no manejo. “O que a gente pretende é trocar experiências e temos muito para aprender com o Brasil. O país está avançado no que diz respeito ao manejo florestal comunitário e familiar e a Colômbia quer saber mais sobre isso”, resume.
Moreira afirma que a Colômbia desenvolve o manejo, mas não em um nível articulado de comunidade como o Brasil. O país também não tem uma estrutura de governança como o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e está retomando o debate acerca da concessão florestal.
“Acredito também que é uma oportunidade de pensarmos no processo de legalização da madeira. Na Colômbia temos o Projeto ProBosques, que busca melhorar o manejo florestal sustentável na Amazônia colombiana e cujo um dos pilares é a legalização da madeira”, resume.
A importância de manter a floresta em pé
Para o coordenador executivo do IEB, Manuel Amaral, apresentar os resultados e também os desafios de desenvolver o manejo florestal e comunitário madeireiro e não madeireiro é uma forma de contribuir ativamente na resposta contra a crise climática. “Esses encontros nos fazem perceber com mais veemência que estamos no caminho certo, desenvolvendo e estimulando uma atividade que combate diretamente a crise climática. O caminho para evitar o tipping point sem dúvida está no manejo”.
O tipping point ou ponto de não retorno é um termo usado por cientistas para se referir ao ponto em que a floresta perderá a sua capacidade de se autorregenerar, em função do desmatamento, da degradação e do aquecimento global.
Nesse sentido, a diretora de gestão das florestas Públicas (DGFLOP-IDEFLOR-Bio), Gracialda Ferreira, também acredita que o manejo florestal é uma ferramenta indispensável no processo de manter a floresta em pé e produtiva. “Dividir experiências com um país que também compõe a Amazônia é importante para costurar mais essa rede, ampliar e fortalecer o manejo, tanto o manejo voltado para girar uma grande economia da Amazônia, mas principalmente para aqueles povos e comunidades que dependem desses recursos para sua subsistência”.
Na análise da Gracialda Ferreira se a rede for bem consolidada e com estratégias sólidas tem mais chances de dar certo. “O IEB trouxe essa possibilidade de articular o Estado junto com as iniciativas que o Observatório do Manejo Florestal Comunitário já conduzem. O manejo florestal é uma estratégia política planetária, porque o reflexo dele é no planeta todo”.
No dia 18 de agosto, o Observatório do Manejo Florestal e Comunitário participou de outra reunião semelhante com a comitiva de dirigentes e técnicos do Serviço Florestal dos Estados Unidos e do Serviço Florestal Nacional e da Fauna Silvestre do Peru. Na ocasião também foram apresentados os trabalhos desenvolvidos com a atividade de manejo.