Por Adison Ferreira (IFT)
A iniciativa tem o objetivo de apoiar a implementação de modelos de manejo florestal comunitário de madeira e açaí nos territórios atendidos pelo IFT
Presidente da Associação dos Moradores da Reserva Extrativista Terra Grande Pracuúba (AMORETGRAP), no arquipélago do Marajó, Valdemir Mendes da Silva comemora os resultados dos cursos de capacitação promovidos pelo Instituto Floresta Tropical (IFT) na comunidade onde mora. Segundo ele, as capacitações destinadas aos extrativistas locais são fundamentais para fortalecer a prática do manejo florestal sustentável na Unidade de Conservação.
“Além do fortalecimento do manejo comunitário, outro ponto positivo dessas capacitações é o envolvimento da comunidade. E a nossa Resex é um exemplo do quanto a participação comunitária ajudou a melhorar e muito a prática do manejo de açaí, que é a principal fonte de renda do nosso território”, destaca Valdemir.
A capacitação de comunitários da Reserva Extrativista Terra Grande Pracuúba é uma iniciativa do projeto Florestas Comunitárias, promovido pelo IFT, através do Fundo Amazônia. Desde 2018, a iniciativa que também ocorre nas Resex Mapuá e Arióca Pruanã, pertencentes à região de integração do Marajó, tem o objetivo de apoiar a implementação de modelos de manejo florestal comunitário para uso e comercialização de madeira e açaí nessas localidades.
O IFT é uma das mais de vinte organizações que integram o Observatório do Manejo Florestal Comunitário e Familiar, do qual fazem parte também o IEB (Instituto Internacional de Educação do Brasil) todas focadas em fomentar ações ligadas ao manejo florestal e comunitário.
Capacitação
Antes de iniciar oficialmente o manejo florestal nas Resex atendidas pelo projeto, todos os manejadores passaram por cursos de treinamento e capacitação realizados pelo IFT. “Todas essas capacitações, divididas em aulas práticas e teóricas, abordaram diversos conhecimentos destinados ao aumento da eficiência do manejo florestal, segurança e conforto no trabalho como, por exemplo, o uso de motosserras durante às diversas atividades com exploração de impacto reduzido”, ressalta o técnico florestal João Adriano Lima.
Morador da Resex Arióca Pruanã, o agroextrativista Martinho Moraes afirma que os treinamentos ofertados pelo Instituto proporcionaram aos moradores da UC um olhar técnico mais aguçado sobre a prática do manejo comunitário.
Entre os diversos cursos oferecidos, ele destaca o de manutenção de motosserras, realizado em parceria com a STIHL. “Todos aqui já trabalhamos com motosserra há muito tempo, mas o manuseio do equipamento sempre foi feito somente na prática, com pouco conhecimento da parte mecânica. Nunca tivemos uma oportunidade como essa para entender melhor o funcionamento e a montagem da máquina. Por isso, esse treinamento é, sem dúvida, um divisor de águas na nossa forma de operar e cuidar do equipamento”.
Empoderamento comunitário
Segundo o coordenador de projeto Florestas Comunitárias, Marcelo Galdino, o processo de capacitação destinado às populações agroextrativistas do Marajó vai além do operacional. Afora da metodologia específica de cursos como Técnicas de planejamento e abertura de infraestrutura (TOI), Identificação de Árvores na Exploração Florestal (TI), Técnicas especiais em derruba de árvores (TCS), Manejo de açaizal nativo em ambiente de várzea, entre outros, a equipe técnica do IFT também aborda diversas orientações sobre saúde e segurança do trabalho durante as práticas de manejo florestal na comunidade.
Outros exemplos são as oficinas de cooperativismo e associativismo, promovidas pelo IFT em parceria com o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB). Galdino explica que as oficinas atendem aos anseios das lideranças locais das Resex e são fundamentais para a construção de conhecimentos sobre a viabilidade de empreendimentos florestais.
“As atividades visam garantir que tanto as cooperativas como as associações sejam fundadas apenas se houver viabilidade administrativa e organizacional comunitária. A nossa finalidade é compartilhar conhecimentos, diminuir as dúvidas e, principalmente, empoderar e fortalecer essas comunidades”, destaca o coordenador.
Um dos diferenciais dessas oficinas é a utilização de metodologias participativas como rodas de conversas e dinâmicas reflexivas sobre o processo de associação e cooperação em comunidades tradicionais. “O objetivo da metodologia colaborativa é encorajar e incentivar a participação de toda a comunidade na construção e fortalecimento da organização social. A ideia é mostrar o quanto o associativismo e cooperativismo sãos instrumentos imprescindíveis para que uma comunidade passe a ter, de fato, maior expressão econômica e social”, explica Allison Castilho, um dos facilitadores das oficinas.
Treinamento e capacitação
Em 28 anos de atuação, o IFT já capacitou quase 8 mil pessoas. Esse número inclui estudantes de engenharia florestal, trabalhadores, empresários, agentes do governo e populações de comunidades agroextrativistas do Brasil e de diversos países como Guiana, Suriname, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Gana, Gabão, Gongo e Bolívia. Atualmente o programa de treinamento do instituto dispõe de 8 cursos, que são ofertados a partir de demandas dos solicitantes. Acompanhe no site www.ift.org.br a lista completa dos cursos ofertados.