As fiscalizações contra o desmatamento ilegal das florestas não serão interrompidas por causa da propagação do novo coronavírus. Todas as ações de fiscalização ambiental planejadas por agentes que vão a campo seguem inalteradas.
André Borges, O Estado de S.Paulo
Em ofício emitido na noite desta segunda-feira, 16, a Diretoria de Proteção Ambiental do Ibama decidiu pela manutenção das operações previstas no Plano Nacional Anual de Proteção Ambiental (Pnapa) 2020, documento que orienta o trabalho dos fiscais.
Como o risco maior do coronavírus está relacionado à aglomeração de pessoas, são poucas as situações em que o trabalho dos agentes envolve grandes agrupamentos.
As únicas exceções são os casos de servidores que se enquadrem no grupo de risco definido pelo Ministério da Saúde, em situações de aglomeração de pessoas, ou que apresentem os sintomas do Covid-19, como febre, dificuldade de respiração e dores no corpo. As viagens aéreas foram limitadas.
“Solicito ainda que sejam adotadas todas as medidas para minimizar a exposição dos servidores aos riscos de infecção pelo covid-19, bem como a priorização de deslocamentos por via terrestre”, afirma, no documento, o coordenador-geral de fiscalização ambiental, Rene Luiz de Oliveira.
O Ibama possui cerca de 700 agentes que atuam diretamente nas florestas, em todo o País. A maior parte está concentrada na região amazônica.
A decisão de manter os fiscais em operação não deixa de embutir uma dose de risco. Mais da metade dos fiscais têm idade acima de 50 anos, ou seja, têm mais riscos de sofrerem com a contaminação. Soma-se a isso o fato de a maior parte sair de lugares de maior densidade populacional e partirem para áreas mais isoladas, fazendo com que sirvam como dissipadores da doença.
Outro fator é que muitos fiscais precisam se deslocar de avião até chegar aos locais de desmatamento, o que passou a ser restringido. Internamente, há o entendimento de que parte do serviço poderia ser feito a distância, como demonstrado na operação Controle Remoto, de 2017, que usa o cruzamento de imagens de satélite com dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) para detectar, a partir dos escritórios do Ibama, os desmatamentos recentes.
Conteúdo publicado no site sustentabilidade.estadao.com.br
Foto: Tiago Queiroz/Estadão