Comunitários da “Verde Para Sempre” recebem crédito para manejo florestal

Recursos somam mais de R$ 800 mil

Cerca de 70 pessoas participaram da cerimônia de assinatura dos contratos de crédito entre o Banco da Amazônia e moradores da Reserva Extrativista Verde para Sempre (RESEX VPS), em Porto de Moz, na região Xingu do Pará. O recurso foi destinado a 30 produtores (as) que desenvolvem o manejo florestal comunitário e familiar, entendido com uma alternativa econômica e sustentável de uso dos recursos naturais.

Ao todo o crédito é de R$ 850 mil com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), a partir da linha crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). O montante será administrado por duas organizações comunitárias, a Cooperativa Mista Agroextrativista Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do Rio Arimum (COONSPRA) e pela Associação Comunitária Agroextrativista do Rio Curuminim (ACARC).

A conquista é coletiva e envolveu várias instituições para dar suporte técnico às operações de crédito, destacam-se Banco da Amazônia, Instituto Conexões Sustentáveis (Conexsus), Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB),  Embrapa Amazônia Oriental,  Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio),  Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio), Instituto BVRio e Observatório do Manejo Florestal Comunitário (OMFCF).

Distâncias

“São doze horas de barco”. Resume o presidente da ACARC, José Francisco de Jesus, quando se refere à distância entre a comunidade onde mora e a sede do município, local da assinatura dos contratos. Contudo, o longo deslocamento não é o maior obstáculo para quem vive dos recursos florestais. Etapas essenciais do manejo podem custar cerca de R$ 400 mil dependendo da área explorada.

Por isso, o crédito vem em boa hora. “Vai facilitar para pagar maquinário, combustível, alimentação e, principalmente, nos torna livres dos adiantamentos dos compradores”, destaca Francisco. O repasse inicial do cliente desvaloriza o valor final da madeira vendida em tora, em uma relação desigual entre comunidades extrativistas e serrarias.

“Esse momento é muito esperado. Ele é uma continuidade da busca pela melhoria de vida de nossas famílias, dos cooperados e dos nossos processos de manejo”, relata o presidente da COONSPRA, Jones Santos, a frente de uma organização que desde 2016 tem suas operações de manejo certificadas pelo selo internacional FSC.

Banco

Para o Banco da Amazônia a concessão do crédito é o cumprimento de uma missão institucional. “Temos como valores promover o desenvolvimento sustentável da região Amazônica e, portanto, é primordial o fomento de atividades produtivas comunitárias e ambientalmente sustentáveis”, relatou o gerente geral do Basa em Altamira, Plínio Ramalho, responsável pelas contratações de crédito durante o evento.

O momento é de mais uma vitória dentro da luta dos movimentos sociais no município, conta a liderança local, Maria Ribeiro. “Nossas conquistas vem desde a criação da Resex, passa pelas autorizações do manejo florestal e, agora, o acesso ao crédito”, relembra. “Hoje é um marco importante, pois estabelecemos a relação: comunidade-banco; banco-comunidade. Ambos ocupando o mesmo espaço [de negociação], em uma parceria que tem tudo para dar certo”.

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